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A MONTIS tem procurado, desde que foi fundada, trabalhar em rede com todos os que possam ajudar a trazer gestão para territórios onde faça falta.
Essa é uma das razões para não termos posições de princípio sobre coisa nenhuma, para além da transparência de actuação, dos objectivos de biodiversidade, do foco na sustentabilidade da gestão e do envolvimento das pessoas comuns nessa gestão, procurando focar-nos no que podemos fazer em conjunto e diminuindo o peso das diferenças dos pontos de vista e objectivos no trabalho concreto.
Também desde o início definimos um modelo de financiamento que sabíamos que não seríamos capazes de pôr em prática logo no início, mas que nos deveria guiar.

Estamos ainda longe dos 750 sócios que consideramos o mínimo para pagar um secretariado com uma pessoa a tempo inteiro (aqui no blog temos uma ligação para quem se queira fazer sócio, por favor, usem-na sem cerimónia), e temos neste momento duas pessoas a trabalhar connosco, o que quer dizer que temos de encontrar mecanismos alternativos de financiamento enquanto trabalhamos para ter os 1500 sócios que deveriam, de acordo com este modelo ideal de financiamento, pagar os trabalhadores permanentes.
Dentre os mecanismos alternativos de financiamento a que temos recorrido, o IEFP tem tido uma grande importância, ao financiar os estágios iniciais das pessoas que contratámos, dando-nos tempo para que o seu trabalho gere os recursos necessários para a sua contratação no fim do estágio, as duas campanhas de crowdfunding foram fundamentais, a prestação de serviços pontuais a algumas entidades, como a Câmara de Vouzela permitiu-nos um bom empurrão inicial, o apoio da eólica da Arada deu-nos alguma capacidade de gestão das propriedades, e apoios como os da Desafio das Letras, ou da Foge Comigo, para além de doações individuais, têm permitido um desenvolvimento que, longe de ser isento de riscos futuros, é, apesar de tudo, bastante sereno.
Outros recursos de gestão não financeiros, como o tempo dos nossos voluntários, tem-nos permitido fazer mais que o que  previmos inicialmente.
O protocolo que assinámos agora com a ACHLI é, neste contexto, um protocolo muito importante, porque nos dá um horizonte dez anos de financiamento estável para a gestão do baldio de Carvalhais.

A ACHLI não irá financiar a gestão toda, não irá financiar a MONTIS em abstracto, mas dispõe-se a financiar acções de gestão, até cinco mil euros anuais, desde que contidas num plano de intervenções aceite pela ACHLI (sempre no sentido apoiar a conservação do lobo  ibérico, embora este benefício seja entendido de forma abrangente) e pelo ICNF.
O fogo controlado que fizemos (e que iremos fazer mais vezes ao longo do protocolo) e as acções de recuperação de linhas de água em que estamos empenhados (que incluem, por exemplo, a oficina de engenharia natural que neste momento está a decorrer, mas também o fim de semana voluntário do próximo fim de semana ou os dias de trabalho de campo dos nossos técnicos) resumem o essencial das intervenções previstas, sendo natural que a deficiência de disponibilidade de bolota no terreno, bem como de outras sementes, nos  leve a fazer algumas acções de sementeiras no próximo Outono/ Inverno.

Fotografia de Nuno Neves

É por isto tudo que gostaríamos de agradecer a disponibilidade da ACHLI em nos apoiar na gestão do baldio de Carvalhais, comprometendo-nos a procurar dar a maior dimensão possível a esse financiamento, envolvendo pessoas, usando fontes complementares de recursos, envolvendo mais parceiros para que os resultados de conservação sejam os mais sólidos e profundos que sejamos capazes de obter.
Vai demorar tempo, mas se formos andando passo a passo no mesmo sentido,  podemos chegar a qualquer lado.