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A primeira resposta que tivemos ao lançamento da nossa subscrição pública – ou como agora se diz, de crowdfunding – é um mail bastante curto e a que vale a pena dar atenção.

Para aceder à campanha e apoiar o trabalho de gestão apra a conservação que estamos a fazer, pode usar-se a ligação que está logo à direita do blog, ou simplesmente carregar aqui.

No mail que recebemos são feitas duas sugestões, sem relação aparente entre elas e, por isso, vamos tratá-las separadamente:

1) Plantem mais árvores – É uma sugestão que nos é feita frequentemente mas que teimamos em não seguir integralmente. Nada nos move contra a plantação de árvores, bem pelo contrário, e seguramente plantaremos muitas. Só que para a Montis a questão não é a da plantação de árvores: todos os dias milhares de gaios, raposas, corços, coelhos, o vento, a chuva e muitos outros elementos espalham sementes, muitas delas de árvores, muitas delas caindo em situações favoráveis, muitas delas nascendo. A questão central é o que acontece depois de plantadas as árvores. Ora é exactamente a essa questão que esta subscrição pública pretende atender ao colocar recursos na gestão do solo, da água, da fertilidade, e também das sementes e plantações, de modo a que haja uma recuperação global da vegetação mais rápida. Para nós é incomparavelmente mais útil fazer com que uma pequena bolota que por acaso está numa situação favorável chegue a ser um belo carvalho que plantar dez mil carvalhos que nunca atingirão a idade adulta por sede, fogo, encharcamento, dente de um herbívoro ou outra coisa qualquer. Por isso a nossa opção é a de gerirmos o fundamento em que as árvores podem prosperar, em vez de fazermos telhados de casas às quais faltam os alicerces e as paredes;

2) Pensem menos cifronicamente – Aqui existe uma grande margem de convergência: todos nós, na Montis, gostaríamos de pensar menos cifronicamente. Todos nós temos a consciência do valor da partilha, do voluntariado, da dádiva. Por isso mesmo associamo-nos para fazer o que cada um de nós sozinho não seria capaz, e para fazer o que uma organização de base económica tem dificuldade em fazer: trazer gestão para áreas marginais em que o retorno económico é, também ele, marginal, não pagando a gestão de que falamos no ponto 1). Mas entendemos também que essa gestão precisa de algum trabalho profissional, que deve ser justamente remunerado, para juntar as pessoas, organizar a sua intervenção, garantir condições de segurança, etc.. E entendemos que quem trabalha, mesmo numa lógica de pura partilha, tem de comer e ter abrigo, achando nós que só pagando justamente a produção agrícola e os serviços prestados é que conseguimos dar sustentabilidade ao que fazemos. E sabemos que as pessoas têm de se deslocar. Etc., etc., etc.. Ora uma campanha como esta visa exactamente permitir que pessoas comuns, sem recursos extraordinários, possam associar-se à gestão destes territórios marginais, ter experiências de vida diferentes, remunerar justamente quem produz o feijão e faz a sopa que vão comer ao fim de um dia de trabalho que acreditam que favorece o bem comum. É isto o menos cifronicamente que conseguimos pensar, mas estamos sempre abertos a aprender como poderemos fazer mais, com menos cifrões e cá aguardamos as sugestões nesta matéria.

Até lá, pensem na hipótese de apoiar esta campanha, de escrutinar a forma como se usam os recursos e de avaliarem se vale a pena.

Nós achamos que sim.

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