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Durante um ano estivemos a fazer acções de gestão na área de 20 hectares que queimámos há um ano.

Agora queimámos mais 12 ou 13 hectares numa sexta feira.
Logo no fim de semana seguinte tivemos um voluntariado académico em que foram plantadas mais de 500 árvores, mas ainda nos tais 20 hectares.

Neste fim de semana, uma semana depois do fogo, gente sem medo da chuva está já a fazer plantações da área que queimámos.
O efeito deste segundo fogo foi diferente do primeiro porque queimar giestal alto é bastante difícil. Destas circunstâncias resultaram áreas que não arderam ou que arderam relativamente pouco.
Se o objectivo fosse mera gestão de combustível, este resultado do fogo controlado não seria o melhor, mas como o nosso objectivo é criar oportunidades de gestão, este resultado, não pretendido, pode vir a revelar-se ainda mais interessante do que pensámos ao criar um mosaico de nichos ecológicos que maximizam as zonas de transição, por definição as zonas biologicamente mais diversas.

Nos próximos dias tiramos partido de conseguirmos entrar na área e ainda faremos algumas plantações.
Depois vamos começar a fazer intervenções doutro tipo, de gestão da água e do solo e nos dias 21 e 22 de Abril, para reforçar a nossa capacidade de intervenção, e para quem queira saber mais sobre as técnicas de engenharia natural, vamos ter mais uma oficina de engenharia natural, com a Ecosalix e Aldo Freitas (os interessados que nos contactem com tempo, não pode haver mais de 15 inscritos, para que se aprenda alguma coisa).

Durante o Verão vamos manter esta linha de trabalho, com intervenções nas linhas de drenagem, para preparar o Inverno seguinte, para além de gerirmos os poucos carvalhitos e alguns salgueiros que agora conseguimos identificar no meio das giestas e a que vamos dar espaço e melhores condições de desenvolvimento, aumentando as origens de bolotas e a velocidade de recuperação dos salgueirais.
No Outono vamos aproveitar a disponibilidade das bolotas para fazer sementeira directa e depois voltaremos às intervenções típicas do Inverno.
Durante quatro anos iremos investir para favorecer os processos de recuperação das matas mais complexas, numa corrida contra a recuperação paralela do giestal, que forçosamente vai também ocorrer.
Depois voltaremos a provocar a paragem do crescimento do giestal, com um novo fogo, provavelmente mais complexo para ter em atenção a recuperação dos núcleos que iremos entretanto favorecer, e retomamos as acções de apoio à recuperação das matas autóctones.
Devagar, mas numa direcção bem definida, vamos com certeza transformar a monotonia de cem hectares de giestal num mosaico mais rico em biodiversidade, mais resiliente ao fogo e muito mais útil socialmente.
Sem as pessoas que não têm medo da chuva, que gostam de dar uma mãozinha, que não se importam com o sol de Agosto, dificilmente seria possível fazer este exemplo de gestão da transição dos matagais para matas evoluídas e maduras.

henrique pereira dos santos