Abril tem sido um mês de chuva, mas no dia 5 o sol veio receber um grupo de alunos de mestrado da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, do curso de Arquitectura Paisagista, como dissemos no último post.
O grupo contou com 22 alunos e 2 professores que durante dois dias vieram conhecer e discutir o modelo de gestão das propriedades de Carvalhais e Vermilhas, tendo havido ainda tempo para pôr as mãos na terra para o trabalho prático.
O grupo contou com 22 alunos e 2 professores que durante dois dias vieram conhecer e discutir o modelo de gestão das propriedades de Carvalhais e Vermilhas, tendo havido ainda tempo para pôr as mãos na terra para o trabalho prático.
Na manhã de dia 5, a Montis guiou o grupo até às duas áreas de fogo controlado. Fez-se uma boa caminhada entre o Bioparque e o limite norte da propriedade, que terminou na pausa para almoço.
Durante a caminhada foi possível ver, avaliar e discutir duas situações distintas: a 1ª área de fogo controlado (já com um ano de desenvolvimento e acções de gestão) e a área alvo do mais recente fogo controlado, de Fevereiro de 2018.
Discutiu-se a utilização sistemática do fogo com objectivos de conservação da natureza, com referência a casos no Chile, Canadá e Austrália, onde a prática é muito comum a uma escala diferente, com bons resultados. No caso da Montis, o interesse do grupo foi aumentando com a verificação na prática dos resultados que se vão começando a ter na primeira área de fogo controlado: acumulação de solo, início de recuperação do salgueiral com a rebentação das estacarias realizadas e desenvolvimentos iniciais das plantações, essencialmente carvalho mas com alguma diversidade.
Após a subida da faixa de contenção do segundo fogo, tarefa que implicou gastar as reservas energéticas do pequeno almoço, o grupo descansou e almoçou uma boa feijoada com vistas para o Caramulo e a Serra da Estrela.
Da parte da tarde viveu-se na primeira pessoa a gestão da propriedade, com a realização de paliçadas e gabiões nas linhas de escorrência, agora acessíveis graças ao fogo controlado de Fevereiro. Tirando-se partido da acumulação de solo e aumento da infiltração de água que ocorrerá nestes pontos, o grupo fez ainda algumas plantações de carvalho negral.
Apesar da quantidade de água que actualmente se vê neste local, no Verão a área é muito exposta e seca. Logo avaliaremos a capacidade de sobrevivência das árvores plantadas. Para já, estas plantações tardias agradecem a água e o Abril chuvoso, que lhes permitirá enraizar e preparar o verão.
Apesar da quantidade de água que actualmente se vê neste local, no Verão a área é muito exposta e seca. Logo avaliaremos a capacidade de sobrevivência das árvores plantadas. Para já, estas plantações tardias agradecem a água e o Abril chuvoso, que lhes permitirá enraizar e preparar o verão.
No dia 6 a chuva voltou, tímida pela manhã e mais forte a partir das 11:00h.
Aproveitando o período mais favorável, fomos até Vermilhas e caminhámos desde o centro da povoação até ás propriedades da Montis.
Vermilhas foi varrida por um fogo no Outono de 2017, e foi possível ver e perceber na prática, e de forma muito clara, as diferenças dos resultados deste fogo para um fogo controlado (visitado no dia anterior em Carvalhais). Ainda que estejamos à espera dos desenvolvimentos da Primavera para decidir o que fazer em Vermilhas, os efeitos do fogo intenso traduzem-se, para já, em muito pouca regeneração (a pouca que há é sobretudo ao nível do solo, como mostrado em posts anteriores).
Foi também possível verificar que o impacto nos solos é substancialmente diferente (verifica-se mais arrastamento de solo em Vermilhas, onde o fogo resulta das condições extremas de um dia que não foi escolhido, que em Carvalhais, nas áreas de fogo controlado, onde a avaliação feita até agora nos parece indicar que o fogo não potenciou a erosão).
Será que o uso do fogo controlado em Vermilhas poderia ter contribuído para uma redução da intensidade do fogo natural, e consequentemente para a redução do impacto na vegetação, tornando possível uma resposta da vegetação mais rápida e eficiente no pós-fogo?
Ficou a questão no ar.
Vermilhas foi varrida por um fogo no Outono de 2017, e foi possível ver e perceber na prática, e de forma muito clara, as diferenças dos resultados deste fogo para um fogo controlado (visitado no dia anterior em Carvalhais). Ainda que estejamos à espera dos desenvolvimentos da Primavera para decidir o que fazer em Vermilhas, os efeitos do fogo intenso traduzem-se, para já, em muito pouca regeneração (a pouca que há é sobretudo ao nível do solo, como mostrado em posts anteriores).
Foi também possível verificar que o impacto nos solos é substancialmente diferente (verifica-se mais arrastamento de solo em Vermilhas, onde o fogo resulta das condições extremas de um dia que não foi escolhido, que em Carvalhais, nas áreas de fogo controlado, onde a avaliação feita até agora nos parece indicar que o fogo não potenciou a erosão).
Será que o uso do fogo controlado em Vermilhas poderia ter contribuído para uma redução da intensidade do fogo natural, e consequentemente para a redução do impacto na vegetação, tornando possível uma resposta da vegetação mais rápida e eficiente no pós-fogo?
Ficou a questão no ar.
Às 11:30 terminou a actividade e o grupo deixou Vermilhas para o almoço.
Para a Montis foi muito enriquecedor partilhar ideias e discutir os modelos de gestão com o grupo, com as mãos na terra e o olhar atento à paisagem. Esperamos ter o grupo por cá mais vezes.
Jóni Vieira