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Enquadramento

O “Baldio de Carvalhais” é um terreno com 100 hectares
gerido pela MONTIS desde maio de 2015, no âmbito de um protocolo de gestão com
a União de Freguesias de Carvalhais e Candal, São Pedro do Sul e o Instituto da
Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Esta propriedade, está integrada numa área de baldio mais
vasta, ocupada por diversos usos e inserida na Rede Natura 2000, ZEC Serras da
Freita e Arada (PTCON0047). Situa-se na vertente sul da serra da Arada, com a
cota mais baixa a 580 m e a mais alta a 830 m. Apresenta um declive médio de
30%, maioritariamente acidentado, muito pedregoso e com várias zonas de
afloramentos graníticos. A propriedade é atravessada por várias linhas de água
de carácter temporário e permanente.

A área atualmente gerida pela
MONTIS ardeu num incêndio de verão em 2010. Em 2015, quando a MONTIS
estabeleceu o protocolo de gestão desta área, a vegetação era pouco
diversificada, sendo dominada por matos altos de giesta (Cytisus sp.),
com 3 a 4 m de altura, que alternavam com matos rasteiros de tojo (Ulex
europaeus
), urze (Erica arborea) e carqueja (Pterospartum
tridentatum
). A presença de árvores autóctones era muito residual e
fragmentada, ocorrendo sobretudo em áreas mais húmidas, onde existia maior
disponibilidade de água e nutrientes. Atualmente, apenas existe povoamento
florestal na zona poente da área gerida pela MONTIS, com eucalipto (Eucalyptus
globulus
), pinheiro (Pinus pinaster) e algumas folhosas autóctones.

Em 2017, com o apoio da GIFF –
Gestão Integrada e Fomento Florestal, a MONTIS desenhou um plano de fogo
controlado com o objetivo de criar espaço no interior do giestal, abrindo novas
oportunidades de gestão. O recurso ao fogo controlado permitiu uma gestão de
paisagem em mosaico, tornando a propriedade mais rica em diversidade de habitat
e mais resiliente ao fogo. Para isso o baldio foi dividido em cinco parcelas,
das quais a parcela I, III e IV foram queimadas duas vezes com intervalos de 4
anos. Está prevista para breve a realização de um novo fogo controlado em cerca
de 3 ha da parcela V. A parcela II corresponde a uma parcela de controlo, sem
gestão, servindo como referência para avaliar a evolução das outras parcelas,
através da comparação da ocupação vegetal após as intervenções.

Zonamento
de intervenção do baldio de Carvalhais

Gestão anterior

Desde 2015, foram feitas inúmeras intervenções, tendo-se
optado por iniciar a gestão junto às linhas de água da propriedade, onde os
efeitos das ações de gestão seriam, potencialmente, mais eficazes. Depois dos fogos
controlados investiu-se na regeneração da vegetação e do solo, com plantações,
estacarias de salgueiro, condução das árvores existentes e técnicas de
engenharia natural para acumulação de sedimentos, e, particularmente, com a
sempre necessária abertura de caminhos e manutenção (limpeza) das áreas
plantadas.

As plantações foram efetuadas nas zonas I, III e IV, muitas
delas através de parcerias com outras entidades ou com o apoio de
financiamentos e outros apoios externos, por exemplo o fornecimento de plantas.
As plantações inicialmente tinham sobrevivências muito baixas (eventualmente,
em parte, devido à presença de um rebanho de cabras e aos javalis) mas nos
últimos anos com técnicas de plantação mais cuidadas tem-se conseguido boas
taxas de sucesso.

Em 2016 foi realizada a campanha de crowdfunding “E
tu e o eu o que temos de fazer?”, específica para a gestão desta área.

A generalidade das intervenções tem sido feita com o apoio
de voluntários individuais, académicos, corporativos e de longa duração.

A área gerida pela MONTIS no baldio de Carvalhais foi também
objeto de vários trabalhos de estágio e teses de mestrado, nomeadamente sobre o
impacto dos incêndios nos passeriformes e os impactos do fogo controlado sobre
a vegetação e macrofauna edáfica e sobre as formações de matos e, sobretudo,
duas sobre a avaliação da paisagem e da sua evolução.

O Baldio de Carvalhais é a área gerida pela MONTIS com maior
quantidade de registos de biodiversidade. Os voluntários do projeto LIFE
VOLUNTEER ESCAPES, que decorreu entre 2018 e 2021, permitiram um reforço do
trabalho feito nesta componente. Com o término deste projeto, a MONTIS tem
tentado manter um esforço para realizar registos de biodiversidade com
voluntários de longa duração, através de Bioblitz, atividades de ciência
cidadã, e fotoarmadilhagem. Os registos de biodiversidade feitos estão
disponíveis no iNaturalist e também nos RGPA (Relatório de Gestão dos anos
anteriores e Plano de Ação para o ano seguinte).

Nos RGPA são descritas as várias intervenções que incidiram
sobre o Baldio de Carvalhais: https://montisacn.com/areas-geridas/baldio-de-carvalhais/.

Plano de Ação 2025-26

No último Plano de Ação para esta propriedade prevê-se,
entre outros:

  • a realização de um fogo prescrito em cerca de 3
    ha da parcela V, destinado a (tentar) controlar o giestal muito denso e elevado
    existente nessa área, bem como a criar novas áreas para plantação e sementeiras;
  • numa parte da área será ensaiada uma sementeira
    com a ajuda de drones;
  • prevemos plantar na época 2025/26, cerca de 4
    mil espécies nativas, parte das quais foram candidatadas ao programa Floresta
    Comum.

Outras atividades que prevemos realizar incluem:

  • engenharia natural (em linhas de água, caminhos
    e encostas com maior pendente);
  • apoio à regeneração natural e georreferenciação
    dos carvalhos em regeneração, disseminados pela propriedade;
  • condução dos povoamentos de pinheiro-bravo
    localizados na parte sul e na zona I, na proximidade da charca (este, mais
    jovem, nunca foi intervencionado);
  • manutenção dos tabuleiros para gaios existentes (pelo menos os com acesso mais fácil);
  • abertura, limpeza e manutenção de acessos e clareiras,
    imperativa para que se possam desenrolar todas as outras ações de gestão;
  • controlo do eucaliptal na zona mais próxima do
    povoamento a sul e controlo de invasoras (incluindo, se viável, na envolvente
    próxima); e,
  • um conjunto de ações complementares de
    monitorização da propriedade, particularmente registos de biodiversidade na
    plataforma iNaturalist, sempre que possível apoiados por especialistas.

Mas, sobretudo, gostaríamos de repensar o baldio envolvendo
a comunidade, numa perspetiva de gestão da paisagem.

Que futuro?

Decorreram 10 anos desde o início da nossa gestão em
que muitas das intervenções iniciais foram pensadas no decurso de uma ideia base
e alicerçadas no plano de fogo controlado, mas em que, ao longo do tempo, progressivamente,
começaram a ser feitas “a pedido”, para apoiar parcerias e protocolos com
pedidos de plantação que implicam a procura de terrenos aptos para plantar e a
abertura dos acessos correspondentes, ou incluindo ações demonstrativas, por
exemplo no âmbito dos campos de trabalho internacional.

Gostávamos assim de definir um modelo de gestão em
que a unidade de planeamento fosse a paisagem, as subunidades as várias
tipologias de mosaico e as intervenções sejam pensadas num plano plurianual com
o mínimo de três anos, atualizável anualmente.

Para isso propomo-vos um exercício, adaptado das
metodologias de planeamento estratégico, em que, depois de uma breve
apresentação sobre o Baldio e tendo também por base a visita que irão realizar
nessa manhã, se proceda, numa primeira ronda, à identificação das principais
vulnerabilidades e principais potencialidades do Baldio. Com base nas respostas
identificadas procurar-se-ia, numa segunda ronda, chegar-se a uma Visão para 2035, seguidamente declinada em várias
linhas orientadoras por temática.

Juntem-se a nós! inscrevam-se, até dia 5!, em https://forms.gle/TdyKJE5eGCDsUPjH9

Programa em atualização)

09h30 – Visita à área
gerida pela MONTIS no Baldio de Carvalhais
12h30 – Almoço Volante
14h00 – Sessão de abertura
14h30 – Apresentações de enquadramento:
– MONTIS (apresentação sobre os 10 anos de intervenção no baldio)
– Oradores convidados
15h30 – Identificação de vulnerabilidades e potencialidades
16h30 – Visão para 2035, declinada em linhas orientadoras

  •  7 Novembro, 2025
     09:30 - 17:00