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A Montis comunica muito mal, tem muito poucas ligações às redacções dos jornais, tem uma capacidade limitada de mobilização, não tem ainda um site, comunica através de mail, um blog, uma página e um grupo de Facebook.
Tem tido, no entanto, uma preocupação central: a de manter os seus sócios informados sobre o que é feito do dinheiro que nos entregam.
Nem sempre conseguimos explicar tudo certinho, nem sempre as coisas correm bem, mas a verdade é que pouco mais de três anos depois da sua fundação a Montis, com todos os problemas de gestão que tem, tem feito muito mais do que imaginámos há três ou quatro anos.
A nossa página de Facebook tem agora 3000 seguidores, dez vezes mais que os nossos 310 sócios, a maior parte dos quais resultantes de um crescimento orgânico e lento, sem grandes recursos empenhados em outras coisas que não sejam a gestão de terrenos.
Duas campanhas de crowdfunding com sucesso, com valores que estão muito acima da média das campanhas de crowdfunding em Portugal.
O envolvimento num projecto LIFE para a criação de uma rede europeia de espaços privados dedicados à conservação, que durará os próximos dois anos e esperamos que nos possa trazer novidades em matéria de trabalho em rede para a gestão privada da conservação da natureza e comunicação.
O envolvimento na preparação de uma outra candidatura LIFE, dedicada ao voluntariado, que mesmo que não venha a ser aprovada já é um grande avanço no trabalho em rede com organizações diferentes e que se podem “iluminar mutuamente”.
O envolvimento numa outra candidatura, chumbada, para o financiamento de uma rede dedicada ao pastoreio enquanto instrumento de gestão do território, que provavelmente será a base da formalização de uma organização com esse objectivo e de eventuais candidaturas que nos permitam pensar num maior impacto do pastoreio com objectivos de conservação.
A participação em várias iniciativas de terceiros – este Sábado estaremos a apresentar o trabalho da Montis numa acção de campanha eleitorial do Bloco de Esquerda, em Carregal do Sal, tal como fizemos com o PAN nas últimas legislativas e faremos com qualquer partido ou candidatura que ache útil discutir o que fazemos, dando-nos oportunidade para apresentar publicamente o que fazemos (recusamos todos os vários convites para fazer figura de corpo presente em qualquer acção política) – em que procuramos aprender e reforçar a ideia de que é possível, às pessoas comuns, fazer mais que o que pensam a favor da gestão sustentável do território, sem estar permanentemente dependentes do Estado.
Aprovação de uma candidatura PDR 2020 que nos permitirá intervir de forma mais consistente numa das propriedades em que temos tido, até agora, menos capacidade de intervenção, procurando articular com a candidatura LIFE em curso para ter o maior efeito demonstrativo possível.
Mas, acima de tudo, o que mais nos orgulha: o facto de, com altos e baixos, termos mantido um conjunto de iniciativas, dirigidas aos nossos sócios, mais lúdicas e pedagógicas, como os passeios (que se têm auto-financiado, apesar de gratuitos, porque os donativos dos participantes o têm permitido, evitando desviar dinheiro das quotas que é fundamental para a gestão dos terrenos), ou envolvendo maior colaboração, como nas acções de voluntariado, tudo isto em paralelo com resultados concretos, visíveis e escrutinados na gestão de terrenos com objectivos de conservação.
Vamos tentando dar o máximo de informação sobre a gestão dos terrenos para manter em aberto discussões racionais sobre opções de gestão que são, inevitavelmente, menos consensuais, como o uso de fogo controlado.
Neste fim de semana, e no mês que vem, vamos repetir uma acção a que damos muita importância: a noite no carvalhal, e no mês que vem, o dia no carvalhal, para que todos os que queiram avaliem como está a evoluir a propriedade que foi comprada com o dinheiro que conseguimos juntar no primeiro crowdfunding que fizemos.
Há coisas menos visíveis, como o nosso acordo com a Vieira de Almeida, um grande sociedade de advogados que nos apoia e que achamos muito importante para garantir a transparência do que fazemos, tal como a recente contratação de apoio contabilístico profissional, com os mesmos objectivos de rigor e transparência.
A sustentabilidade da Montis está longe de estar assegurada, é certo, a comunicação é uma fragilidade a que vamos procurar dar resposta nos próximos tempos, a melhoria das condições de trabalho de quem nos apoia profissionalmente é uma preocupação grande e mal resolvida ainda, enfim, há muitas razões para ter preocupações com o futuro da Montis, mas quanto ao passado, por enquanto curto, pensamos que podemos estar descansados: temos feito coisas úteis.